bolo (monstro) de caixinha

Ela não tinha fogão. Apenas um forninho elétrico e uma chapa que fazia as vezes do fogão. Na cozinha mal equipada havia uma mini forma de bolo, daquelas com um furo no meio, que cabia estrategicamente no forninho.
Naquela manhã de domingo, ela acordara com muita vontade e pouco talento e resolvera fazer um bolo de chocolate com aquelas misturas prontas.
Não tinha segredo: mistura tudo, unta a forma, coloca a massa, pré-aquece o forno, coloca a forma lá dentro e conta o tempo. O que ela não pensou (ô falta de atenção!) é que o tempo e temperatura indicados na embalagem eram para fornos convencionais, mas enfim.
Estava assistindo a programação da tarde na televisão quando sentiu o cheiro. Queimado. Correu para ver o rebento no forno.
Imagine a forma de bolo. Agora divida-a no meio. Do lado direito estava um bolo com uma pequena crosta queimada, mas crescidinho e tal. Do lado esquerdo estava o irmão gêmeo maligno, que havia se transformado num monstro de massa de bolo que não assou direito.
NÃO PERGUNTE.
É tipo gêmeos univitelinos: vêm da mesma célula, crescem no mesmo útero e depois que nascem, um sempre dá desgosto.
Ela fez a cirurgia: tirou da forma, cortou o pedaço disforme e a crosta queimada e tarããã… ele ficou saradinho de novo.
Como se não bastasse passar mais tempo cozinhando do que deveria, ela decidiu fazer uma calda de chocolate pro bendito. Receita mais fácil que piscar com os dois olhos:
4 colheres de Nescau, duas de margarina e adicionar um pouquinho de água pra ficar crocantezinha.
Não tinha margarina. Pode manteiga?
Não podia. A manteiga deu um gosto forte na calda e empesteou o bolo inteiro!
C’est la vie!
Na próxima, ela na padaria!