O que lhe vem à cabeça quando lê este título? À minha, no máximo que deve ter algo a ver com cavalos de corrida, ou algum atleta sem muitas chances de vencer uma competição. E na convicção de não saber previamente nada sobre o livro que tenho em mãos, comecei a ler esta obra de Markus Zusak, escritor favorito de dez entre dez leitores de A menina que roubava livros.
O Azarão é o primeiro volume da trilogia Irmãos Wolfe(Bom de Briga e Getting the Girl, ainda não lançado no Brasil), e conta o que acontece durante um mês na vida do adolescente Cameron Wolfe, de 15 anos.
Cameron e seu irmão Rube, que é um pouco mais velho, no entanto com ainda menos juízo na cabeça, passam seus dias arquitetando toda a sorte de malfeitos pela cidade onde moram. Na maioria das vezes se dão conta de que não tem coragem ou inteligência suficiente para concluírem os planos, e arrumam qualquer desculpa para acalentar suas frustrações, enquanto na verdade são bons meninos disfarçados de casos perdidos.
Trabalhando como ajudante de seu pai encanador, Cameron conhece Rebecca Conlon, a garota que o faz desejar ser uma pessoa melhor. Impossível não se identificar com a forma como ele descreve seus sentimentos, rezando por Rebecca, só pedindo a Deus que cuide dela. O primeiro amor de verdade, esse sentimento de querer tão bem a alguém que nós demoramos a descobrir como funciona, mesmo que o objeto de nosso amor esteja longe e inatingível.
Nosso herói também tem um relacionamento complicado com a família, quer de alguma forma orgulhar os pais, e só se mete em encrencas, piorando a situação. Nutre uma pequena inveja pelo irmão mais velho, Steve, o filho bem sucedido e que gosta de jogar isso na cara dos caçulas. Cameron também não sabe lidar com a irmã Sarah, a garota só sabe se agarrar com o namorado e pouco interage com os acontecimentos em casa.
No final de cada capítulo Cameron descreve um sonho, que normalmente tem um spoiler sobre o que vai acontecer no próximo, como se fosse um presságio. E então você consegue entrar no subconsciente do garoto, assim como em sua mente acordada e confusa. E no fim é ele mesmo o azarão, o competidor que nunca tem certeza que vai estar de pé ao final da partida, ele quer vencer (e quem não quer?), mas tem o mundo como adversário.
Um livro curtinho e gostoso de ler, para intercalar obras mais pesadas e lembrar que o simples também pode ser belo.