Morte Súbita, J. K. Rowling

Eu costumo classificar os escritores em dois grupos, o primeiro é composto por aqueles que se sobressaem às histórias, não importa o que você lê, sabe logo de quem se trata, ele está sempre ali, pelo estilo, a forma que usa as palavras. Alguns fáceis de se identificar seriam Neil Gaiman, Terry Pratchett e Stephen King. Esses caras são contadores de histórias natos, eu continuo a lê-los por isso, claro, eles inventam umas coisas malucas, mas é a forma de contar que as deixam maravilhosas.

A querida Rowling se enquadra no segundo grupo, ela também tem seu estilo, se utiliza muito bem de artifícios de linguagem, no entanto ela se esconde, você pode ler a saga Harry Potter inteira (várias vezes) e se esquecer que ela saiu da cabeça de alguém. É como se a história acontecesse bem ali na sua frente, quase como se fosse uma coisa viva e independente.

E foi aí que me perdi lendo Morte Súbita, eu procurava pela J.K. Rowling em cada parágrafo, na verdade o que eu estava procurando era algo de Harry Potter no novo livro. E não há, é impossível fazer comparações, ela cria um mundo perfeitamente lógico em cada situação e sua personalidade não transparece em nenhum momento. O que cria é mais importante que ela mesma.

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Todo mundo tem um segredo.

Sinopse: Quando Barry Fairbrother morre inesperadamente aos quarenta e poucos anos, a pequena cidade de Pagford fica em estado de choque. A aparência idílica do vilarejo, com uma praça de paralelepípedos e uma antiga abadia, esconde uma guerra. Ricos em guerra com os pobres, adolescentes em guerra com seus pais, esposas em guerra com os maridos, professores em guerra com os alunos… Pagford não é o que parece ser à primeira vista. A vaga deixada por Barry no Conselho Distrital logo se torna o catalisador para a maior guerra já vivida pelo vilarejo. Quem triunfará em uma eleição repleta de paixão, ambivalência e revelações inesperadas?

Uma grande história sobre uma cidade pequena. – J. K. Rowling

Pagford vive um momento de tensão política com a morte de Barry Fairbrother, um dos poucos membros do Conselho Distrital a defender o bairro Fields, o mais pobre dos arredores, e tudo que envolve seus moradores. Pai exemplar, treinador do time de remo e grande amigo, Barry deixa inúmeros desamparados.

Fields foi incorporado ao distrito de Pagford há anos e desde então seus moradores são alvo de intensas discussões e preconceitos, pois mancham a imagem imaculada da perfeita e tradicional comunidade. O Presidente do Conselho, Howard Mollison, vê então na morte de Barry a oportunidade para incluir alguém de sua confiança na vaga deixada e indica seu próprio filho.

A disputa esquenta entre defensores de suas próprias causas quando segredos são revelados provando que ninguém está acima de de qualquer suspeita. Cada um dos personagens é construído detalhadamente, nenhum deles é raso, todos tem nome, sobrenome, profissão, família e motivos pra ser quem são, ninguém é completamente bom ou mau, exatamente como pessoas reais.

Lá pela metade do livro pode ser um pouco confuso e cansativo, são muitas informações, mas a construção da história é detalhada e sem furos, e no final tudo se encontra novamente, todos os pontos são dados e se encaixam perfeitamente.

Cruel como a realidade, Morte Súbita nos faz ponderar sobre quem somos e como agimos em sociedade.