“Você vai ficar com fome!”
Foi o que uma amiga querida me disse pouco antes de começar a ler este livro, desculpa Mari, mas ele me deu náuseas.
As Esganadas foi o primeiro livro que abandonei em muito tempo, tanto tempo que não consigo me lembrar quando foi a última vez, talvez tenha sido O triste fim de Policarpo Quaresma, que li angustiantes trechos para uma prova de Língua Portuguesa. Acompanhei a trama do Jô até a página 97, e percebi que não fazia questão alguma de saber o final da história.
Fica tudo muito óbvio, ele conta quem é o serial killer, seu método, quem são as vítimas e o motivo de seu desejo de matar logo nas primeiras páginas. Descreve também a equipe que o persegue, e passa a ser só um jogo de gato e rato onde a única dúvida é quantas gordas morrerão até que ele seja descoberto.
Dois pontos positivos:
1. As interrupções da rádio Tupi do Rio de Janeiro, divertidíssimas, conseguia imaginar perfeitamente o radialista dando as notícias sensacionalistas, e logo depois os comerciais da época, por mim a história se fosse toda contada nesse formato seria muito mais interessante.
2. O preconceito contra as gordas, e como o modelo de beleza é tratado desde aquela época até hoje. Inclusive o preconceito em torno da palavra “gorda”, que é tão evitada, como se fosse um palavrão. É um tema para muitas discussões que acho que foi mal aproveitado.
Jô preza pela exatidão de suas informações. Nota-se logo na extensa lista de pessoas que colaboraram para suas pesquisas, que ele quer ter certeza de que não escreve bobagens. Mas não temos nós, todos que escrevem, licença poética para imaginar nossos próprios mundos?
É a exatidão e o exagerado número de detalhes de cada situação que torna As Esganadas um livro chato.
Não posso dizer se há uma reviravolta no final que faz toda a leitura valer a pena.
Não posso também julgar o livro todo, se você leu e tem uma opinião diferente da minha, deixa aqui embaixo nos comentários, vou adorar saber!