As aventuras de Pi, Yann Martel

A primeira vez que tive contato com As aventuras de Pi foi através do filme: uma experiência estonteante e surpreendente. As cenas eram belíssimas e o entrelace com a espiritualidade era encantador. A menina ao meu lado disse – não para mim, hehe – que aquilo era uma viagem e seria melhor ter ido fumar maconha. Cada um com seu cada qual, não é mesmo?

Saí do cinema intrigada com o final da história e curiosa para saber se o livro dava mais informações. Através de amigos, descobri a polêmica que envolve o autor canadense Yann Martel e o escritor brasileiro Moacyr Scliar. Se você não teve oportunidade de acompanhar a história, aqui vai um resuminho:

O livro “Life of Pi”, ou “A vida de Pi”, como foi batizado no Brasil, foi lançado em 2001. Um ano depois, o jornal britânico The Guardian fez uma reportagem dizendo que o autor, Yann Martel, havia plagiado um escritor brasileiro: o gaúcho Moacyr Scliar.

O brasileiro “Max e os felinos” conta a história de um jovem alemão, também sobrevivente de um naufrágio, que fica em um barco no meio do oceano com um jaguar. Scliar morreu em 2011 e nunca quis processar Yann Martel. – Jornal Nacional

Se você clicar aqui, pode assistir a entrevista que Moacyr deu sobre o assunto, onde apenas lamentou o ocorrido: “o que ele quis fazer foi aproveitar uma boa ideia estragada por um mau escritor brasileiro. É uma coisa da qual ele veio a se arrepender, e no próprio prefácio do livro tem um agradecimento à minha pessoa”

Confesso que com toda essa história, eu acabei pegando birra de Yann Martel, o que não me impede de admitir que ele é um bom escritor com um história envolvente. O protagonista Pi Patel é o tipo de pessoa que consegue colocar grandes ensinamentos em palavras simples, sem prepotência. O livro fala sobre perdas, mudanças e lutas como quem fala sobre bolinhos com chá.

Polêmica à parte, o filme é um espetáculo para os olhos como o livro é para a imaginação. Assistir um antes de ler o outro pode fazer com que a sua interpretação se encaixe nos moldes criados por Ang Lee (Oscar® de Melhor Diretor), mas também é de grande ajuda para formar os inusitados cenários de Martel.

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