A menina que tinha dons, M. R. Carey
“O nome dela é Melanie. Significa “a menina escura”, de uma palavra em grego antigo, mas sua pele na realidade é muito clara, então ela acha que talvez este não seja um bom nome.”
Em um mundo pós apocalíptico, Melanie é uma das crianças que vivem em uma base militar próxima a Londres. Sua vida se resume a uma cela, de onde sai uma vez por dia para ir à aula, no fim do corredor, sentada em uma cadeira de rodas e algemada nos pés, mãos e pescoço. Aos domingos, ela e as outras crianças são levadas aos chuveiros, onde recebem um banho de vapor químico e um pote de larvas para se alimentar.
Melanie não se lembra de nada sobre o mundo lá fora: tudo o que conhece aprendeu nas páginas dos livros. Ela é a mais inteligente da turma e guarda milhões de informações – de histórias gregas a equações matemáticas. O que ela não sabe é que o mundo que ela memorizou não existe mais.
“Uma versão mutante do fungo Ophiocordyceps unilateralis — que na vida real infecta formigas amazônicas, passando assustadoramente não só a alimentar-se delas como também a controlar seu sistema nervoso com fins de perpetuação da espécie — encontrou no homem, o suposto topo da árvore evolutiva, seu melhor hospedeiro.”
A nova sociedade é formada por 1) humanos sobreviventes, que vivem em áreas protegidas, 2) humanos livres, os lixeiros, que vivem por sua conta e risco, e 3) os famintos – como são chamados os zumbis.
Quando uma reviravolta acontece, Melanie acaba do lado de fora dos muros da base, ao lado da Srta. Justineau, a cientista Caldwell, o soldado Gallagher e o sargento Parks. Juntos, eles precisam atravessar cidades repletas de famintos para chegar à segura Beacon, onde os outros humanos se encontram.
Mais uma história de zumbis?
A menina que tinha dons é a soma de The Walking Dead e In The Flesh. M.R. Carey, prestigiado roteirista de HQ’s de sucesso, como Hellblazer e X-Men, soube juntar o melhor de cada universo e escreveu uma história que poderia facilmente entrar para a lista de adaptações literárias de 2015.
Alternando entre um narrador onisciente e as vozes dos personagens, Carey explora a fragilidade dos valores, da ética e do caráter em situações extremas. Todos no grupo oscilam entre vítimas e vilões, buscando (sobre)viver.
Acompanhamos também a gradativa descoberta de Melanie sobre o que ela realmente é – um faminto. Mas, diferentemente dos tipos que ela encontra em sua jornada, Melanie é capaz de pensar, falar e (com esforço) controlar a sua fome.
Um dos pontos altos do livro, que atiçou a minha curiosidade, é justamente: por quê? O que faz com que Melanie e as demais crianças sejam diferentes dos outros mortos-vivos? Além da pergunta mais importante: será que eles vão conseguir chegar a Beacon?
A menina que tinha dons inaugura o Fábrica231, novo selo de entretenimento e cultura pop da Editora Rocco. Você pode ler um trecho clicando aqui.
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Autor: M. R. Carey
Tradução: Ryta Vinagre
Editora: Rocco
Lançamento: 2014
Páginas: 384
Cortesia da Editora