Fala que eu (não) te escuto
– Moça, você sabe me dizer onde fica a Renner…
– No segundo piso.
– Nós vamos colocar uma bomba lá.
– Segundo piso à direita.
O diálogo acima parece improvável pra você? Talvez seja difícil relacionar com esse contexto, mas pense em quantas vezes você começou a fazer uma pergunta e a pessoa respondeu antes mesmo de você terminar. Parece familiar agora, não é?
Claudio Thebas é escritor, palhaço, e integrante do Jogando no Quintal, grupo teatral paulistano pioneiro na linguagem do improviso no Brasil. É também co-criador do núcleo de palhaços chamado Forças Amadas, que atua em regiões que passam por crises de algum tipo, como catástrofes naturais, desigualdade social, etc. O fato de trabalhar sempre em relação direta com as pessoas o fez voltar seu interesse sobre a escuta, ou melhor, a falta dela, e como esta afeta a nossa sociedade.
Desde os 16 anos Claudio realiza um experimento bem simples: sai às ruas fazendo perguntas absurdas (como a do começo do post) e filmando as respostas, igualmente inacreditáveis. O projeto ganhou nome: Fala que eu (não) te escuto. No vídeo abaixo ele conta um pouquinho dessa história e aos 6:50 mostra uma de suas gravações.
O que gera risos e incredulidade, traz também uma importante mensagem: precisamos de relações mais humanas! Como explica Claudio, temos que lembrar que o porteiro tem nome, que o cara que te entrega o bilhete no metrô é uma pessoa como você. Escutar é atribuir significado e fazer a pessoa se sentir pertencente. E a notícia triste é que hoje em dia ninguém se escuta ou se lê – não temos paciência para ouvir uma conversa até o fim ou ler mais do que um parágrafo.
Seja no trabalho, no relacionamento ou na família, a comunicação é peça fundamental para nos desenvolvermos e termos uma vida harmoniosa. É falando e, mais importante, ouvindo, que descobrimos o que há de melhor nas outras pessoas. Então, a mensagem dessa semana é: cada um de nós pode salvar o mundo, uma pessoa de cada vez, cada um com seu super-poder. Qual é o seu?
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