*por Thamy Almeida
Andava com um campo de força em volta de si e agora mais do que nunca estava ciente disso. A maior parte do tempo ele era invisível e só ela podia ver os objetos batendo nele e caindo no chão. Se preocupava com esses itens que ia largando pelo caminho, eles poderiam ser úteis em alguma fase adiante ou mudar completamente o rumo do jogo – ela nunca saberia, mas no momento está mais assustada com os efeitos colaterais do que com as possíveis perdas. São só hipóteses, afinal.
Às vezes, só essa energia repelente em volta dela não era suficiente e ela precisava de um esforço consciente para manter seu escudinho de madeira (tão precário quanto aquele adquirido por Link numa lojinha da Kokiri Forest) sempre à postos. E ela se protege, rebate, se esconde, faz o que pode. Mas sabe que ele está cheio de fissuras por onde passa luz e toda sorte de coisas que entram como água e quando a gente vê já inundaram tudo.
Sentiu os pés molhados dentro do tênis, o chão já contém poças. É hora de admitir: a linha defensiva está falhando na missão. Não identificou como, só sabe que foi ouvindo aquela música boba do Foster The People.
Era como se ele cantasse pra ela:
All the other kids, with the pumped up kicks,
You better run, better run, faster than my bullet…
*Thamy Almeida é jornalista de formação, desenvolvedora de profissão, militante dos fracos e oprimidos, pensa sobre a vida e o mundo o tempo inteiro. dá nisso.