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Inverno

As primeiras folhas alaranjadas tocavam o chão, marcando o início do outono. Ele sabia que teria que achar um lugar seguro para começar a cavar seu esconderijo e estocar alimentos para o inverno que se aproximava.

Ele detestava o inverno e a falsa sensação de conforto que a estação lhe trazia. Um ninho quente e aconchegante, longe dos predadores e perigos que circulavam à luz do dia, enquantos flores inauguravam a primavera.

No entanto, era com pequenas ondas de prazer que enfiava as patas na terra e se sujava ao abrir caminho até o seu escudo. Ficaria ali por uma estação inteira, sem se deixar atormentar por pensamentos indesejados. Deixando que sua imaginação e esperanças de uma vida plena o ninassem.

Era um esquilo, afinal de contas. Às pessoas poderia ocorrer que tais criaturas, por serem doces – e supostamente seres irracionais, que seguem o protocolo – não teriam em si um rodamoinho de sentimentos, procurando uma oportunidade de fuga.

Quando o inverno acabasse e levasse o descanso consigo, seria hora de retornar à superfície. De encarar os medos, de procurar fazer diferente, entre uma noz quebrada e outra. De ser um esquilo mais feliz.