Eu quero construir uma cidade, com um jardim no meio [uma Igreja do lado], onde todos iriam após o jantar, levariam suas cadeiras de praia debaixo do braço e se sentariam com os vizinhos amigos para conversar. Não haveria fofoca. Apenas conversa. Uma cidade sem prédios, que é pra não entulhar, não atrapalhar os passarinhos, não intimidar as nuvens. Uma cidade com microônibus. Talvez um trem. Poucos carros. Algumas bicicletas. Nenhuma moto. Na esquina, o tio do cachorro quente.
Quero acordar às sete, tomar um banho revigorante, um café feito no capricho. Abrir a cortina florida e ver a cidade acordando. Descer para a loja… de artesanato. Sentar atrás do balcão pra pintar. Ouvir o sino da porta anunciando os apreciadores dos meus passatempos. Minhas mãos têm pequenos respingos coloridos de tinta, alegres. Na hora do almoço? Vou pro restaurante no jardim, almoçar com os amigos, com a família e com o marido. Futuramente? Vou pra casa preparar o almoço das crianças. A lojinha me espera, com uma placa artesanal que diz “volto logo”. E eu volto.
Tem noite que tem cinema, ou teatro, ou apresentação das crianças na praça, desfile na rua; jantar para os pais, namoro na cama, filme na sala. O humor dita a regra.
Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros
E nada mais