Refém da Paixão

Ok, já pode parar de rir do título!
Nunca antes achei uma tradução de título tão perfeita, apesar de breguíssima e parecer nome de romance de banca, Refém da Paixão diz muito mais sobre o longa que o título original Labor Day (Dia do Trabalho), que é o feriado em que a trama se passa.

O filme é baseado no livro homônimo de Joyce Maynard, mas publicado no Brasil como Fim de Verão. É narrado pelo garoto Henry (Gattlin Griffith), de 13 anos, que vive com a mãe Adele (Kate Winslet), uma mulher depressiva que raramente sai de casa.

Henry se acha no dever de cuidar da mãe, que sofre com a solidão e a perda do amor, logo no início o vemos presenteando-a com vales de pequenos favores e agrados que ele pode fazer, consertar algo na casa, café na cama ou levá-la ao cinema. É um garoto incrível e dedicado.

Em uma das poucas saídas para reabastecer a despensa, os dois são abordados por um homem ferido no supermercado. Vivido por Josh Brolin, Frank é um fugitivo da prisão, condenado por assassinato.

Durante os cinco dias que passa escondido na casa de Adele, Frank trabalha duro e ensina lições que marcam para sempre a vida de Henry. Minha cena favorita é quando Frank ensina Adele e o filho a fazer torta, são minutos de delicadeza onde é possível sentir o medo de Adele por estar se apaixonando e a confusão no rosto do garoto por ver a mãe sendo tratada com carinho depois de tanto tempo, enquanto a tensão transborda da tela, de repente um criminoso parece tão confiável.

Os personagens são muito bem construídos e aos poucos, através de flashbacks podemos montar a sequência do fatos, não é o tipo de filme que entrega tudo de uma vez. Um romance tenso lindamente contado e com uma fotografia perfeita.

Daquelas histórias que ficam passeando pelo pensamento por dias, adorei!

Fiquei curiosa para ler o livro, ainda mais depois de descobrir que a escritora viveu um romance tórrido com J. D. Salinger (O Apanhador no Campo de Centeio), na época o escritor tinha 53 anos e Maynard apenas 18. O relacionamento dos dois durou somente 10 meses. Cansada de ainda ser lembrada como “a garota que dormiu com Salinger”, escreveu o livro Abandonada no Campo de Centeio, que conta o que aconteceu na época, com o objetivo de encerrar a história.