Gente descalça, sentindo o chão de terra batida. Crianças rolando na areia com os pais, misturando água e terra para fazer bolos deliciosos. Amigos conversando, perguntando da semana, enquanto novos visitantes se deslumbram com as pequenas delícias e mimos das barraquinhas.
Foi em um dia de sol e vento fresco que conheci a feirinha na Praça do Coco, em Barão Geraldo, Campinas. Tinha uma banda cantando covers de Legião Urbana, Nirvana e algumas músicas próprias. E foi passeando pelo lugar que encontrei o sr. Jacyro Bertozzo.
– Olá, vocês conhecem a literatura popular de cordel? Vão colocar no currículo escolar das crianças!
– Quanto é o livrinho?
– R$ 7, fui eu que escrevi.
– Vou levar um, por favor.
– Eu não tenho troco, vou fazer por seis pra você.
– Eu acho que tenho trocado aqui…
– Não, eu não faço isso pelo dinheiro, faço pra divulgar.
O cordel é oriundo do nordeste. Ele veio da Europa, trazida pelos portugueses, teve sua propagação e grande aceitação pelo público, posteriormente veio para o sudeste, sul e demais regiões. O cururú é um trabalho feito praticamente nos mesmos moldes, com histórias em versos, de vários modos, quase sempre improvisados, cantados com viola em desafios, é muito usado nas modas caipiras.
O trabalho de Jacyro mistura um pouco dos dois estilos. O livro que eu comprei conta a lenda do Boi Falô pras Bandas de Barão e é de uma simplicidade singela – acessível para todas as idades e repleto de cultura popular.
E com essa notícia anunciada agora,
Que foi exposta pelo Toninho sem parar,
Dizendo que ao colocar o tento na argola:
O boi se pôs com sua barriga a estufar;
E com um forte brado disse na hora,
– “HOJE NÃO É DIA DE TRABALHAR”
Vale a pena dar uma passadinha na feira, que acontece aos sábados, das 10 Às 15 horas. Você pode conferir a programação e os expositores no blog: http://www.feirabarao.blogspot.com.br/
Se você ficou curioso sobre o cururu, dá uma olhadinha nesse vídeo, que conta um pouco da história e mostra um duelo de cantadores.