Dias Perfeitos, Raphael Montes
Raphael Montes está entre os mais brilhantes ficcionistas jovens que conheço. Ele certamente redefinirá a literatura policial brasileira e vai surgir como uma figura da cena literária mundial. Scott Turow
A frase estampada na capa do livro cria grandes expectativas. O anão desperta a curiosidade. E é com genuína empolgação que se começa a leitura de Dias Perfeitos, de Raphael Montes. O segundo romance do jovem autor e advogado brasileiro, que já escreveu Suicidas, foi publicado pela Cia das Letras em março e virou um fenômeno nacional. Não é pra menos.
Certa vez aprendi que um texto bem escrito é aquele em que todas as palavras são necessárias e não há advérbios ou adjetivos sobrando. Assim foi escrito Dias Perfeitos: como se cada palavra tivesse sido cuidadosamente bordada no papel, traçando uma narrativa impecável.
O romance conta a história de Téo, um estudante de medicina cuja melhor amiga, Gertrudes, é um cadáver. Ele tem uma vida regrada e monótona, é um aluno aplicado e cuida da mãe paraplégica. Durante um churrasco ele conhece Clarice, uma jovem despojada, que sonha tornar-se roteirista de cinema. Ela está trabalhando na história de um road movie chamado Dias Perfeitos, sobre três amigas que viajam de carro pelo país. Encantado com seu espírito livre e aventureiro, Téo tenta se aproximar de Clarice – de uma maneira não muito ortodoxa. Quando ela deixa claro não estar interessada em um relacionamento, ele desfere um golpe na cabeça dela e a sequestra.
Para o futuro médico, eles apenas precisam passar um tempo juntos, a sós, para que Clarice veja que eles são perfeitos um para o outro. Com a jovem sedada e guardada em uma mala (isso mesmo!), Téo parte para um chalé em Teresópolis e, em seguida, para uma praia deserta em Ilha Grande, ambos cenários do road movie.
A história é contada do ponto de vista de Téo, o que tem um efeito perturbador. O personagem é calmo e extremamente racional, todas as suas atitudes são justificadas com uma lógica impecável. A relação estabelecida com Clarice é obsessiva. Em certos pontos eu cheguei a me perguntar se Téo realmente gostava dela, ou se fazer com que ela o amasse tinha virado apenas um objetivo a ser conquistado.
O livro corre de clichês e tem reviravoltas de tirar o fôlego. Raphael Montes surpreende não apenas na sua capacidade de explorar uma psique doentia, mas ao criar um thriller que nos impede de largar o livro antes de alcançar a última página.
A crítica não poderia ter sido melhor e você pode ver a repercussão do lançamento no Facebook do autor. Parece que Scott Turow estava certo.
Título: Dias Perfeitos
Editora: Companhia das Letras
Número de páginas: 278
Cortesia da Editora
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