Cidades de Papel, John Green

Sim, mais um livro do João Verde John Green. Quem acompanha a Amora Literária já viu resenhas do autor por aqui: O Teorema de Katherine; Quem é você Alasca?; A Culpa é das Estrelas (e sobre a produção do filme, o trailer, e o filme em si).

Na minha opinião, todo mundo tem seu milagre (…) Meu milagre foi o seguinte: de todas as casas em todos os condados em toda a Flórida, eu era vizinho de Margo Roth Spiegelman.

Cidades de Papel conta a história de Quentin Jacobsen, um adolescente não popular e que sempre teve uma quedinha pela vizinha, Margo Roth Spiegelman (que ao contrário dele, era super popular). O livro começa quando os dois têm 9 anos e encontram um cadáver no parque do bairro onde viviam. É isso mesmo, um cadáver!

E isso é só o prólogo.

O tempo passa e a primeira parte do livro inicia vários anos depois desse fato, quando ambos seguiram suas vidas e seus caminhos (ou fios, como são tratados metaforicamente na história) se separaram.

Quentin manteve sua paixonite pela vizinha durante todos aqueles anos, mesmo que ela tenha se tornado uma garota muito diferente e mal sabia quem realmente era no momento. Mas então ela entra pela sua janela numa noite qualquer, meio vestida de ninja, convocando-o para uma “missão secreta”.

Margo sempre adorou um mistério (…) Nunca consegui deixar de pensar que ela talvez gostasse tanto de mistérios que acabou por se tornar um.

E depois disso tudo muda. Seus fios se cruzaram novamente, mas com que objetivo? Margo some e nem os pais nem a polícia dão a mínima pra ela, visto que não era a primeira vez que a garota fugia de casa. Mas Quentin descobre que ela costumava deixar pistas e, daquela vez, as pistas eram para ele.

Ele precisa encontrá-la. E a partir daí se eu contar mais vai acabar com a graça.

Mas preciso dizer que apesar da narração de Green ser simples e nada muito exuberante, esse livro é especial, assim como A Culpa é das Estrelas. Acho que o fato dele conseguir escrever romances sem serem apenas romances é o que torna os livros interessantes; diferentes.

Cidades de Papel não é um romance comum. Se passa em torno de uma garota desaparecida e misteriosa e o garoto que nunca a esqueceu tentando desesperadamente encontrá-la. Além disso, é cheio de metáforas que, preciso admitir, são ótimas. Desde adolescentes comparados com balões que saem flutuando por aí até vidas de papel, é difícil escolher uma para gostar mais.

Para mim, você tinha sido apenas um garoto de papel por todos aqueles anos: um personagem de duas dimensões no papel e uma pessoa de duas dimensões na vida real, mas ainda assim sem profundidade. Só que, naquela noite, você se provou uma pessoa de verdade.

Não, não é um livro indispensável ou maravilhosamente bem escrito, mas é um livro especial. E pra ser especial não precisa ser a melhor coisa do mundo. Acho que Cidades de Papel mostra acima de tudo que pessoas são simplesmente pessoas e como podem te decepcionar quando você acredita que elas são mais do que isso.

Margo não era um milagre. Não era uma aventura. Nem uma coisa sofisticada e preciosa. Ela era uma garota.

A leitura é leve, assim como tudo que li do Green. O livro é cheio de trechos lindos (deu pra perceber, pelo tanto que eu coloquei na resenha – foi difícil escolher só alguns e eles ficam ainda mais legais depois de ler a história toda) e eu recomendo, mas cuidado com as expectativas, podem estragá-lo.