Estamos viciados em informação?

Já se passam mais de seis meses desde que o Google Reader acabou. Quando eu soube da notícia entrei em choque, sério queria chorar, e o pior é que eu contava pras pessoas essa lástima e elas me olhavam intrigadas, sem fazer a menor ideia do que se tratava (This is your fault, bastards!), apesar de milhões de usuários, estes ainda eram poucos para fazer o serviço se manter.

E pra quem não sabe do que estou falando, o serviço era um leitor de RSS simples e perfeito, que se adaptava lindamente às minhas necessidades. Só que eu ainda não havia percebido que tinha um vício. O Google Reader era a primeira coisa que eu abria quando ligava o computador e a última que fechava antes de desligar. Logo pela manhã eu lia as atualizações dos meus blogs e sites favoritos e a página continuava aberta o dia todo para dar aquela olhadinha em qualquer intervalo minúsculo de tempo e conferir se algo mais tinha surgido, e sempre surgia.

Eu fiquei chateada de verdade com a notícia da retirada do serviço, eu sentia como se algum amigo próximo estivesse indo embora pra sempre. Sério, coisa de gente louca, emburrei com os outros sites que começaram a aparecer para tomar o seu lugar, achava aquilo uma afronta, a gente não substitui um amigo assim, com essa facilidade, ainda mais por esses outros que tinham mil funções, cheios de novidades, mas sem a essência clean e perfeita que só o demoníaco Google consegue.

Ok, acabou-se Reader, e depois de encarar minha própria loucura consegui ver o quanto isso atrasava minha vida, o quanto de coisas inúteis que eu lia todos os dias só por costume.

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Tirei os blogs de moda da minha lista. Há uns 3 anos comecei a me interessar mais por maquiagem então seguia todos os blogs que falavam sobre o assunto, a verdade é que os blogs de moda mudaram muito em pouco tempo e hoje eles basicamente esfregam na sua cara o quanto você é pobre, feia, gorda e desinteressante. Por que as blogueiras que eram gente como a gente estão praticamente extintas, hoje elas são popstars e gurus dignas de veneração. Outro dia vi uma leitora perguntando qual liquidificador a blogueira usava, por que não basta mais copiar só o cabelo. [Viajei um pouco…]

Curti as páginas sobre cinema e curiosidades que ainda me interessavam no Facebook, e desencanei de vez dos sites sérios sobre finanças e negócios, só lia quando algum assunto muito específico me interessava.

Resolvi que só leria coisas relevantes, deixaria as bobagens para sempre. E essa sensação de liberdade durou mais ou menos uma semana.

O problema é que também tem muita coisa relevante na internet, e me ponho a pensar se todos nós somos tomados por essa enchente de informações.

Todas as redes sociais imploram pelos nossos cliques e são links que levam a outros links e a uma infinidade de conteúdo, e às vezes mesmo sem perceber nos deixamos levar por horas nesse loop. É preciso muito foco pra conseguir escapar.

Talvez quando ainda precisávamos ir à biblioteca pesquisar sobre nossas curiosidades e ler o jornal para saber das últimas notícias fôssemos mais seletivos, a dificuldade nos deixa mais atentos.

Digitar no Google e ter qualquer resposta muito rápido faz com que nossa memória seja quase dispensável, nos dá essa falsa impressão de que sabemos muito mais, enquanto temos só o registro de ter visto uma manchete em um site qualquer.

Não precisamos nos aprofundar em todos os assuntos, no entanto um pouquinho de paixão nos torna pessoas muito mais interessantes, aquele seu amigo que sabe tudo sobre rock, respira cinema ou é torcedor roxo de futebol costuma ter muito mais repertório do que aquele que sabe o meme do momento.