Terry Pratchett

Terry-Pratchett-102_166471kVocê conhece esse senhor de barba branca e chapéu? Pode ser que ele esteja portando uma espada mágica com pedaços de meteorito, forjada por ele mesmo. Afinal um Cavaleiro da Ordem do Império Britânico precisa de uma arma à sua altura.

Thunderbolt Iron, sabe? Altamente mágico. Você precisa colocar junto, quer você acredite ou não.

Ok, ele não vai estar com sua espada à vista, os Cavaleiros não tem permissão para usá-las, mas vamos combinar que isso daria um toque especial.

Este gênio precisa ser homenageado na Semana do Escritor, simplesmente por que o Brasil precisa ler Terry Pratchett. Foram raríssimas as vezes que citei Terry Pratchett em uma conversa e a pessoa sabia de quem eu estava falando, mas raríssimas mesmo, na verdade só me lembro de uma, e quase que não vale, por que era uma dona de livraria.

E isso me leva a duas conclusões, as pessoas realmente estão perdendo a chance de ler algo incrível, ou eu tenho andado com as pessoas erradas.

Ele criou um cenário inusitado e irreverente na série Discworld, o “Mundo do Disco” é descrito como um mundo em formato de disco (jura?), apoiado sobre 4 elefantes, que por sua vez estão apoiados sobre uma gigante tartaruga, Grande A’Tuin, que fica vagando pelo universo. A’Tuin inclusive é alvo dos filósofos locais que tentam descobrir para onde vai a criatura e se realmente tem um objetivo.

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O narrador conversa com leitor o tempo todo como se consciente de que fala a quem não é deste mundo. Terry inventa as coisas mais malucas e se baseia na mitologia que já conhecemos, usando e modificando como lhe convém. Em Discworld, por exemplo, o número mágico é oito, as pessoas comuns não o mencionam, o oitavo filho de um oitavo filho se torna mago, e a cor da magia é a Octarina. Já tentou imaginar uma nova cor? Tente agora por favor. Não, essa aí já existe, tente de novo… Ok, você pode tentar fazer isso depois de terminar de ler, acredite, vai demorar.

Os livros do Terry foram os únicos que me fizeram para de ler para rir de suas piadas, são muitos trocadilhos e piadas ao longo da trama, ele mistura fantasia a uma crítica social ácida, que é capaz de divertir os pequenos enquanto só quem já é um pouco mais velho consegue entender realmente o que ele quis dizer.

Escrever é a coisa mais divertida que se pode fazer sozinho.

Agora eu espero que se você esteja com vontade de descobrir este autor, mas muita vontade mesmo, e vou te dar a má notícia, é quase impossível encontrar seus livros, são mais de 70, pouquíssimos foram publicados no Brasil, e atualmente estão esgotados na editora.

A Editora Conrad fez um trabalho excelente com os livros que publicou no Brasil, a tradução é ótima, inclusive A Cor da Magia e A Luz Fantástica contam com uma nota informando sobre como foi feita a tradução, e solicita que o leitor envie suas observações e sugestões para posteriores edições.

As últimas publicações de Discworld pela Conrad foram em 2010, O Fabuloso Maurício e Seus Roedores Letrados e Os Pequenos Homens Livres. No começo do ano li uma nota informando que a Bertrand Brasil teria adquirido os direitos para publicação, mas nada novo até o momento.

Enquanto isso, os fãs de Terry estão envelhecendo e perdendo o interesse no gênero.

Em 2007 Pratchett foi diagnosticado com Alzheimer. Em 2010 ele narrou o documentário Terry Pratchett – Choosing To Die, sobre o processo de morte assistida. É triste saber que um homem com essa capacidade intelectual esteja caminhando para senilidade por culpa de uma doença.

Atualização:
Sir Terry Pratchett veio a falecer no dia 12/03/2015 em decorrência da doença.