Velhos Desconhecidos

Ela entrou no ônibus lotado na hora do rush. Quando os olhos se encontraram, instantaneamente brotou um brilho de reconhecimento.
– Oi [insira aqui o nome do cara que virou sua cabeça], tudo bem com você?
– Oi! Quanto tempo [escolha o nome da garota dos seus sonhos]!
– Ai, como tá cheio, posso ficar aí?
– Aqui? Onde?
– Aí, entre você e o banco.
– Tem certeza?
– Tenho. Pelo menos você eu já conheço, já sei como é… [um sorriso tímido]… e a gente pode colocar a conversa em dia.
Eles demoraram menos de um segundo pra se ajeitar, ela colada ao banco de um passageiro, ele atrás, como se a estivesse protegendo. Encostou suas costas no peito dele e suspirou. Olhou pra baixo muda, sem saber o que dizer, enquanto ele engolia em seco olhando pra uma pixação no teto que dizia “Shit hap”, e tentando imaginar que merda poderia ter acontecido.
– Então, como é que… ?[as palavras morreram no fundo da garganta dele]
– Sabe, eu acho que não sei mais como é.
– Nem eu.
Ele selou o pacto de silêncio com um beijo em seus cabelos, e como velhos desconhecidos, se despediram.